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O papel dos homens na agenda de equidade de gênero

Imagem na cor azul com a ilustração de uma balança, de um lado um homem de negócios e do outro uma mulher de negócios, simbolizando a equidade de gênero no meio corporativo.
AlmapBBDO
jun. 25 - 6 min de leitura
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Para que organizações avancem na pauta, especialistas — e a própria história — apontam que lideranças, ainda predominantemente masculinas, devem agir intencionalmente e com rapidez

Por Andrea Assef

Um dos grandes perigos do excesso de uso de algumas expressões na agenda da diversidade é o seu desgaste e esvaziamento. Já aconteceu com “empoderamento”, “protagonismo”, “lugar de fala”, entre outras. Para tirar as aspas de “aliado” (quando o assunto é o papel dos homens na luta pela equidade de gênero nas empresas), e mantê-lo fora dessa lista, é preciso transformar a palavra em ação.

Estudos e especialistas sobre equidade de gênero em ambientes corporativos são unânimes em apontar que ser aliado não basta, é preciso agir intencionalmente, com mais rapidez e a partir do topo da liderança. “Enquanto os líderes, que ainda são predominantemente homens brancos, não abraçarem, de fato, a agenda da equidade de gênero e compartilharem o poder com mais mulheres em cargos de liderança, o movimento será limitado”, afirma Isabela Venturoza, antropóloga e facilitadora de grupos reflexivos com homens.

Um estudo da Promundo-US, em parceria com a Kantar TNS, revelou que enquanto 77% dos homens disseram fazer tudo o que podem para alcançar a paridade de gênero, somente 41% das mulheres concordaram com isso. E mais: 60% dos entrevistados (entre homens e mulheres) afirmaram que é raro encontrar homens se manifestando abertamente contra a discriminação de gênero. A pesquisa foi realizada em 2019, com 1.201 adultos com idades entre 25 e 45 anos, de todas as regiões e principais grupos étnicos dos Estados Unidos.

Como CEO, é importante assumir a causa e ser um aliado efetivo para que essa transformação aconteça. Sem o interesse genuíno da alta liderança, a pauta da diversidade, como um todo, e a da equidade de gênero, em específico, não se tornam uma prioridade e não avançam”, afirma Filipe Bartholomeu, CEO da AlmapBBDO.

Além de ter o Pacto Global da ONU como cliente, a AlmapBBDO é signatária e o próprio Bartholomeu foi convidado, em 2022, para ser uma Liderança com Impacto e porta-voz do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 10, pela redução das desigualdades, que tem como uma das premissas a inclusão social, de gênero, de raça, entre outras. “Em 2020, tínhamos 43% de mulheres em posição de liderança. Atingimos 50% em 2021 e, em 2024, temos 57% de mulheres nas posições de liderança da AlmapBBDO”, diz.

Assim como Bartholomeu, Hugo Rodrigues, presidente do conselho do McCann Worldgroup para WMcCann, Craft e Aldeiah, sabe que a intencionalidade em cada processo de recrutamento é o que faz toda a diferença na busca verdadeira pela equidade de gênero e pela diversidade em geral. “A partir da minha chegada na WMcCann, no final de 2017, passamos a ter a maioria de mulheres também nas lideranças – hoje, elas estão em 63% em cargos de liderança –, e, como presidente do conselho, indiquei a Renata Bokel para a presidência da agência WMcCann em 2023”, recorda Rodrigues.

 

Desconstrução social

Na opinião de Venturoza, a própria transformação da frase de Lacan em um aforismo é reflexo da narrativa masculina sobre a história das mulheres. “Isto é o que já está no pensamento de mulheres e feministas há séculos. Pensadoras em diferentes registros provocaram as sociedades pelas quais passaram com a ideia de que enquanto homens, mulheres e outros, somos construídos no social, pela cultura, em processos de simbolização, pela linguagem”, afirma.

E essa construção do feminino passa pela experiência pessoal de cada um. “Tive a sorte de ser liderado por mulheres desde o meu nascimento: minha mãe foi quem me ajudava na educação, mesmo com os limites de não ter se formado; minha avó foi minha grande mentora e guia na vida; minha bisavó, que morreu aos 91 anos e teve 13 filhos, foi quem ajudou os filhos, netos e bisnetos na formação e conduta”, conta Rodrigues. Para ele, toda essa vivência fez com que sempre visse mulheres de forma igual. “Quando cheguei na presidência da Publicis, em 2013, lançamos o Publicis Plural, e em pouco tempo tínhamos mais mulheres no board do que homens”, lembra.

“Nossa principal missão é fazer o homem realmente refletir sobre seu modo de agir consigo, com o outro e com a sociedade”, afirma Pedro de Figueiredo, fundador do Memoh (“homem” escrito de trás para frente), negócio social que tem como principal objetivo debater um dos assuntos mais importantes da sociedade contemporânea, que é a desconstrução da masculinidade tóxica. “Já passou da hora de nós, enquanto homens, assumirmos nosso lugar na história e estar junto na luta por uma sociedade equânime”, diz Figueiredo.

Para Bartholomeu, o grande desafio hoje, além de continuar atraindo novas mulheres para a agência, é o engajamento e a retenção das colaboradoras em toda a sua jornada profissional na empresa. “Por exemplo: algumas mulheres serão mães. Isso é um fato. Então, temos que promover um ambiente acolhedor para as mães, mas também cobrar dos pais que assumam seu papel na parentalidade e criar mecanismos para isso, como o aumento da licença para não aumentar o gap”, afirma o CEO da AlmapBBDO.

“Homens também têm gênero. Mas o homem não entende isso porque não se sente parte da conversa, já que se enxerga como o ser universal, a referência da humanidade”, ressalta Figueiredo.

O Memoh é uma iniciativa que funciona em três frentes: promovendo encontros virtuais que debatem as questões que giram em torno da masculinidade, produzindo conteúdos e prestando consultorias corporativas. “Fazer um evento na empresa não muda a vida de ninguém; é preciso um comprometimento constante, no dia a dia. E, sim, é claro que vamos perder privilégios, mas precisamos estar do mesmo lado que as mulheres”, afirma.


Saiba mais sobre a matéria em:  Women To Watch | Marketing, Mídia e Comunicação (meioemensagem.com.br).


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